segunda-feira, 16 de maio de 2016

Despretensiosamente

O que você acha de nos encontrarmos?
Sabe, despretensiosamente
Sem levar muito a sério
Sem planos à frente
Se quiser pensar, até espero
Não tenho nada marcado
Não vamos exigir nada perfeito
Temos corações já cansados
Bem calejados pelo tempo
Podemos ser nós mesmos
Sem medo de pequenos defeitos
E sem promessas a esmo
Sabe, despretensiosamente
A gente riria do meu sotaque
Você me contaria sua infância
E o que vai ao seu prato favorito
Eu lhe prometeria fazê-lo
A gente poderia dividir um medo
Uma piada sem graça e um velho segredo
Então, enquanto toca uma música antiga
Daríamos um intencional silêncio
Como se ensaiado fosse, devagar
Permitindo cruzarmos o olhar
Pronto
Teria nos seus olhos um templo de agora em diante
Sabe, despretensiosamente
Eu lhe contaria querer viver de poesia
“Vou lhe inspirar”, você diria
Poderia me falar de algum clube de leitura que frequente
Eu reclamaria sobre a chatice de algum cliente
E você, como adolescente, compararia nossas mãos e adoraria o formato dos meus dedos
E aí nesse instante
Nesse exato instante, sem ainda saber
Eu me apaixonaria por você
Despretensiosamente apaixonado
Ficaríamos bem
Você se esqueceria da hora
Nenhum de nós iria embora
Sabe? Sem pretensões...
Sem saber que tínhamos ali a melhor chance de dois corações...
Aproveitaríamos

Despretensiosamente, o que me diz de nos vermos amanhã também?
E se me der motivos para ficar?
E se eu lhe der motivos para sorrir?
E se encontrarmos uma maneira de sonhar?

E se faltando pretensões sobrar espaço para o amor?!

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