quarta-feira, 14 de setembro de 2016

De todos os caminhos, eu só sei qual não tomar.

Sua insistência surgiu, dentre tantos outros convites, como a própria vida me chamando, me resgatando do círculo vicioso dos erros preconcebidos, já cometidos, tão pouco esquecidos e novamente tentados, me fazendo superar as esperanças vãs e mortas.
Por seus olhos apertados, apareceu-me a chance nova do não vivido, do não experimentado, do por conhecer, de outras sensações, de outros dias, de outra rotina e até de outros erros a serem aventurados. 
Também apareceu-me por entre seus suspiros, o amor. Mesmo que não fosse por você, mesmo que não fosse agora o instante para ser, apareceu-me, sim, o amor. O amor além do passado, travestido de esperança no mundo, na vida e nos outros. Apareceu-me o amor, alegando não ser tão abobalhada a ideia de me confiá-lo de novo. 
Eu demorei a acreditar, como sendo passarinho arriscando primeiro vôo, sem saber se será suicídio ou liberdade o ato de jogar-se de braços abertos do galho alto da mangueira.
Mas sua boca pequena e doce me chamou. E eu fui.
Com pernas cansadas de mil voltas dadas; joelhos ainda adormecidos pelo tempo de penitências realizadas; coração acuado como cachorro apedrejado em bar de estrada e com a cintura em ferrugem para a valsa da paixão adolescente, eu fui. 
E você, por surpresa, estava feito eu. Um tanto mais corajosa, mas feito eu. Foi então que eu quis lhe acompanhar e quis também lhe chamar. 
E então nós fomos.
E estamos indo. 
Com o rumo a sabe-se lá o quê, até sabe-se lá quando. Estamos indo. E a falta de certezas faz com que eu me atenha a aproveitar essas horas macias que se amontoam à sua presença e queira-me tornar aconchego à sua charmosa inquietude.
Vamos indo, mas sem pressa, porque de todos os caminhos, eu só sei qual não tomar.

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